A Vinícola Aracuri promoveu nesta quinta-feira, 23/07, uma degustação de seus produtos junto à loja Sommelier Vinhos. Foi um evento gratuito, descontraído e aberto ao público – anunciado na agenda do Movido a Vinho, claro! Na ocasião, degustamos os rótulos da casa e conversamos com a simpaticíssima enóloga Paula Guerra Schenato, responsável por elaborar os vinhos da Aracuri.
O enigmático logo da Vinícola Aracuri (foto: Evandro Silva)
A Vinícola Aracuri fica localizada em Muitos Capões, a 960 metros do nível do mar, na região de Campos de Cima (nordeste do Rio Grande do Sul, próximo a Vacaria). Eu achava que o município integrava a chamada “Campanha Gaúcha”, área que nos últimos anos tem ganho reconhecimento para a produção vitivinífera. Bem, posso dizer que esta postagem serviu não apenas para conhecer os vinhos que eles produzem, mas também para melhorar minhas noções de geografia…
Mapa tirado da página da Vinícola
Paula e as garrafas abertas para degustação na Sommelier Vinhos.
Um ótimo exemplo de qualidade é a espumante Aracuri Brut Chardonnay 2014, premiada no “Top Ten” da Expovinis 2015 como melhor espumante brasileira. O troféu é motivo de orgulho para a vinícola, mas nem por isso a garrafa foi colocada acima dos outros rótulos. A enóloga Paula, ao apresentar os vinhos, fincou pé ao lado dos tintos, servindo pessoalmente os visitantes e explicando com detalhes a produção de cada um – bem como suas próprias preferências.
Para obter um produto de qualidade, a Aracuri usa somente uvas próprias. O cuidado busca atingir a maturação fenólica – o que, nas palavras de Paula, pode ser explicado como a maturação dos caroços, que perdem aquela substância amarga que normalmente sentimos. O resultado são uvas extremamente maduras e concentradas, dando corpo e personalidade aos vinhos.
O resultado desejado por Paula também requer cuidado no uso da madeira: poucos meses e preferência por carvalho de segundo ou terceiro uso, dando aos vinhos notas sutis de baunilha e nozes (detalhe: ela intercala barris de carvalho francês e americano).
E o que dizer dos vinhos? Bem, minha intenção não é emitir juízo, mas cabe uma palavrinha sobre os que mais me agradaram e surpreenderam.
O Sauvignon Blanc 2013 da Aracuri está espetacular: cremoso, aromático e com uma mineralidade quase salgada ao fundo. Tomei e, ao final, pedi para provar mais uma taça. Gostei e inclusive levei uma garrafa, considerando o excelente custo-benefício.
Poucas garrafas e um método de produção exigente: o Reduto é um dos poucos vinhos brasileiros de uvas passificadas.
O Reduto é um vinho para quem gosta de aventura. Ele é produzido no melhor estilo do Amarone italiano, com uvas passificadas para concentrar aromas e sabores. Mais interessante ainda: é um vinho não safrado, que junta uvas merlot de 2010, 2011 e 2012. Na boca remete a figo cristalizado e cacau, com uma doçura que promete acompanhar bem sobremesas a base de chocolate.
O Pinot Noir 2014 foi uma fonte de emoção. Potente e concentrado, transbordava fruta vermelha madura. Um toque mentolado ao final e uma nota adocicada garantem a elegância do vinho, mas não esperem leveza (não é a intenção). Gostei, e pretendo tomar de novo.
Mas, afinal, o que quer dizer “Aracuri”? Tive de pedir explicação para a Paula! Em linguagem indígena, significa “pássaro de árvore alta”. O nome faz duas homenagens. Diretamente, à fauna e à flora gaúcha, referindo-se aos papagaios que pousam na copa das araucárias. Indiretamente, ao ideal de respeito à natureza que move a vinícola, remetendo à reserva ecológica de mesmo nome, localizada na região dos Campos de Cima.
Bom proveito e até breve!
Site Oficial: http://movidoavinho.com.br/2015/07/24/vinicola-aracuri-degustando-os-vinhos-com-a-enologa-paula-guerra-schenato/
